Por Prof.ª Dr.ª
Silvia de Toledo Silva
Os estudos realizados, acerca do letramento, demonstram
que o uso desse termo, ocorre nos anos oitenta, com o propósito de ampliar o
significado da palavra alfabetização, sentido este, que vai além do significado
de ler (decodificar as letras escritas) e escrever (codificar as letras).
Segundo Kato (1990), uma pessoa letrada, seria então, a
pessoa apta a utilizar a escrita, para suas necessidades individuais, atendendo
as exigências de sociedades que privilegiam a escrita, como meio de
comunicação. Para essa autora, a norma culta, é resultado do letramento.
Tfouni (1997), discorre sobre o letramento no contexto
social, enfocando as características sociais e históricas da aquisição da
escrita, primando por conhecer os acontecimentos de uma sociedade ao adotarem a
escrita restrita ou generalizada, objetivando conhecer as práticas
psicossociais que substituem as ações letradas nos contextos ágrafos (que não
possuem sistemas de escrita). Nesse sentido, a referida autora investiga, não
só alfabetizados, mas também os analfabetos, deixando o contexto individual
para centralizar-se no social.
Kleiman (1995), por sua vez, menciona que o uso do
vocábulo letramento, nos meios acadêmicos, objetivou dissociar estudos a
respeito do impacto social da escrita, dos estudos sobre alfabetização. Em sua
visão, os estudos sobre o letramento, percorrem o caminho do desenvolvimento
social da escrita, aliado à sua expansão desde século XVI, observando condições
de seu uso e efeitos das práticas usuais em grupos não industrializados, como
tecnologia comunicacional de lideranças do poder.
Para Kleiman, são letradas, crianças e adultos que
possuem sistemas de oralidade, os quais demonstram afinidades com textos
escritos, por conviverem em contexto letrado.
Dessa forma, essa autora compreende que a sociedade é composta por
diferentes agências de letramento, sendo elas: a família, a vizinhança, a
igreja, a escola, o clube, etc. Entre elas, a agência de letramento mais
importante, é a escola, por ser a responsável pelo ensino da leitura e da
escrita, instrumentalizando os(as) alunos(as), a fim de usufruírem desse
aprendizado para si no convívio social, no qual estão inseridos.
Conforme explica Soares (1999), a palavra letramento, se
origina no conceito inglês, literacy, que significa, letrado, do latim littera,
que quer dizer, letra, acrescido do sufixo menta denota então, o resultado de
uma ação. Assim, Soares expõe que o letramento, é o cômputo do ato de ensinar
ou de aprender a ler e escrever, o modo ou a posição que adquire um sujeito ou
grupo social, por valer-se da aprendizagem da escrita. Portanto, para Soares,
letramento não é alfabetização (treino entre relações de fonemas e grafemas,
mas o usufruir do prazer de ler em diferentes lugares, por escolha própria, é a
interação diária com a imprensa, o desfrutar da leitura para a aquisição de
instruções variadas, é ler histórias que despertem a imaginação, viajando sem
ao menos deslocar-se do lugar onde se está utilizando a escrita como meio de
orientar-se no mundo, conhecendo suas próprias possibilidades que lhe permitam
mapear o que poderá vir a ser.
Ainda em conformidade aos estudos realizados, a palavra
letramento surge pela primeira vez, como verbete de dicionário, em dois mil e
um (Houaiss, 2001), significando a representação falada por meio de sinais;
escrita; PED. (processo pedagógico) e conjunto de ações que resultam na
capacidade de utilizar materiais escritos diversificados.
Como vivemos em sociedade industrializada, tecnológica e
letrada, faz-se necessário estar alfabetizado e ser letrado, saber usar o ler e
escrever para compreender e atuar socialmente, enquanto cidadão.
Kleiman, apud Rojo (1998), explica que crianças
provenientes de lares letrados, onde o ato de ler constantemente e usufrui da
audição de histórias/contos infantis (adultos leem) para elas, com frequência;
participa com a família de eventos onde a leitura, se faz necessário, se
desenvolve na escola mais facilmente em detrimento de crianças provenientes de
família que não se utiliza da escrita e da leitura em seu cotidiano.
De acordo com a explicação de Kleiman, exposta no
parágrafo acima, é que se originam problemas de aprendizagem na fase de
alfabetização, que por sua vez, podem ser resolvidos rapidamente, se os(as)
professores(as), tendo tal conhecimento, formularem objetivos claros, em seus
planos de aulas, os quais auxiliados por uma sequência didática de atividades
adequadas, serão facilmente compreendidas pelos(as) alunos(as), a bem do seu
aprendizado.
Assim, é de suma importância compreender que os
significados das palavras: letramento e alfabetização são distintos.
Referências
Bibliográficas
HOUAISS, A. Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001.
KATO, M. A. No mundo da
Escrita: Uma perspectiva psicolinguística. São Paulo, Ática, 1990.
KLEIMAN, A. B. (org.) Os Significados
do Letramento: Uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita.
Campinas, Mercado das Letras, 1995.
ROJO, H. R. R.
Alfabetização e Letramento. Campinas, Mercado das Letras, 1998.
SOARES, M. S. Letramento:
Um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Ceale, 1999.
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